Kevin Carter,fotógrafo, ganhou um prêmio em 1994 por esta foto, mas também inúmeras críticas.Muitos perguntaram porque ele não salvou a criança, ou não afugentou o abutre. Muitos até mesmo o compararam ao abutre.Em sua defesa,ele disse que após tirar a foto ele teria afugentado a ave. A foto insinua que a criança em breve morreria, e o abutre a devoraria. O fato é que pouco mais de um ano após ter capturado a foto, talvez devido às pressões e críticas, Kelvin Carter cometeu suicídio.Ou seja, a criança sobreviveu, Carter,não. A criança cresceu, e morreu aos 26 anos, aproximadamente. Carter, meses depois. A palavra mata.
O tempo, os anos se passaram, mas a cena parece se repetir todos os dias. No lugar de uma câmera fotográfica,um aparelho celular. No lugar de um Kevin, um João,uma Maria, um José, um Carlos…um Qualquer. Em vez de um abutre,muitas vezes um alto de uma ponte ou de um viaduto…um acidente de carro.A vítima não tem um perfil específico, pode ser de qualquer cor, raça, idade, sexo…Os comentários, que foram tão ácidos em relação ao Kevin, hoje em relação a quem tirou a foto ou gravou o vídeo…ninguém nem sabe, ou quer saber quem é. Só querem saber ver o momento do acidente, da morte; pedir pra “passar pra elas”, que vão passando pra outras, e então viraliza. E assim a vida/morte se torna algo banal, como num filme…só que não. No filme, o ator que ora morre num trágico acidente, amanhã ou depois, está encenando numa comédia, ou musical. No vídeo que viralizou, a pessoa que morreu, morreu. No filme, você é apenas um mero telespectador. No compartilhar do vídeo, você é como um daqueles que está na platéia, presenciando os cristãos serem lançados na arena, para serem despedaçados, devorados pelos leões.
A vida imita a arte, ou a arte imita a vida? Eis uma pergunta que não quer se calar…e talvez nunca se cale.