
. “Eu não sou louco.”
. Uma colega um dia me contou uma história:
. Ela foi fazer um trabalho assistencial, se não me engano entrega de alimentos, em um manicômio. Um dos internos disse pra ela: “moça, eu não sou doido. Pode ver lá no meu prontuário a minha cor.” É que a cor definia o grau de gravidade de cada paciente. E realmente a dele era a mais fraquinha. E ele contou sua historia:
. Começou trabalhar em uma montadora de carros em São Bernardo do Campo, ainda menor de idade. Deve ter estudado no SENAI e ingressado na empresa. Após alguns anos, então provavelmente na casa dos quarenta, próximo à aposentadoria, com carro, casa própria, conheceu uma mulher no barzinho onde frequentava. Conversa vai, conversa vem, começaram um relacionamento. Decidiram se casar. Reformou toda casa. Se casaram. Tudo ia às mil maravilhas. Exatamente um ano de casamento, a mulher “do nada” começou quebrar tudo em casa. Chega a polícia, provavelmente acionada por vizinhos, que pergunta o que está havendo. Ela, com jeito de apavorada, diz que não sabe, mas que o marido começou a quebrar tudo em casa. A polícia pergunta se ele já tinha feito isso antes. Ela responde que não, e que está com medo dele. Nesse momento, o homem sem acreditar em tamanha cara de pau, vai pra cima dela. “Estão vendo?! Ele está querendo me bater! Ele nunca me bateu!” Conclusão: Levaram ele. Foi dado como louco. Ela assinou os papéis de internação. E provavelmente ainda se encontra no manicômio. Ela ficou com tudo que era dele: casa, carro, aposentadoria… Tudo planejado. Desfrutando de uma vida boa, que ele trabalhou tanto pra ter, e agora preso num manicômio.

. “Você agora é minha!”
. Essa história que me contaram é de uma advogada. Não falaram a idade, mas suponho que seja jovem. Essa advogada tinha uma amiga, que tinha um irmão, que estava preso. A amiga disse: “vamos comigo visitar meu irmão?” E lá se foram as duas. Chegando no presídio, o irmão apresenta um colega também presidiário à advogada. E não é que os dois começam a namorar? Visitas íntimas e tudo mais. Passado algum tempo a “ficha caiu”. Ela chega até o rapaz, e diz que está terminando com ele. “Terminando comigo?! Você agora é minha! Se você terminar, eu mando matar você, seus pais e sua irmãzinha (ou irmãozinho)!” E ela teve que continuar a lhe fazer visitas; visitas íntimas, estupros… Uma advogada que provavelmente deve ter vencido muitos embates, duelos nos tribunais, mas que foi nocauteada pelo coração.

. Cheirinho gostoso de morte
. Um urso vivia na floresta. Nunca teve contato com ser humano algum. Um dia, sentiu um cheirinho gostoso de comida, e decidiu seguir aquele cheirinho. Chegando em uma clareira, avistou um enorme caldeirão no fogo. Um grupo de caçadores havia deixado alguma coisa cozinhando no caldeirão. O urso foi pra cima do caldeirão e o abraçou. Imediatamente seu corpo começou a queimar. O urso interpretou aquilo como se um inimigo estivesse lutando com ele pra ficar com a comida, e abraçava o caldeirão cada vez mais. Quando os caçadores retornaram, encontraram o urso morto, abraçado ao caldeirão. Infelizmente, assim são muitos relacionamentos. A pessoa está sofrendo, mas continua a abraçar cada vez mais algo que lhe faz sofrer.
. Por não pensar, muito relacionamento é igual a Avenida Paulista: começa no Paraíso, e termina na Consolação.
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