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Suicídio

Fim de tarde. Uma jovem senhora está sentada à mesa de um fast food, fazendo um lanche, após um dia exaustivo de trabalho. Embora suas roupas não fossem caras, estava bem vestida, com muito bom gosto. Comia tranquilamente, fisionomia serena. Ela viu através do vidro em um restaurante do outro da rua, uma mulher jovem, muito bonita, conversando alegremente com outras pessoas, enquanto comia. Dava pra ver que suas roupas eram caras, de grife; seus cabelos, sua aparência…enfim, era alguém de poder aquisitivo relativamente bom. A mulher no fast food passou a observá-la com certa admiração, “quase inveja”, desejando até mesmo estar no lugar da outra. “Não tem preocupação alguma com dinheiro”, pensava ela. Acabou a refeição, pegou o carro, e foi embora. Antes de ir para casa, foi ao culto de sua igreja. Lá o pastor pregou o Salmo 73:”…Quanto a mim, os meus pés quase se desviaram; pouco faltou para que escorregassem os meus passos. Pois eu tinha inveja dos néscios, quando via a prosperidade dos ímpios…” “…Quando pensava em entender isto, foi para mim muito doloroso; até que entrei no santuário de Deus; então entendi o fim deles.”

Chegando em casa, o marido que havia chegado primeiro, estava acabando de preparar o jantar. A mulher tomou um banho rápido, e foi jantar, ela, o marido e os dois filhos; um menino de 10 e a menina de 8. Terminado o jantar, sentou-se no sofá com seu marido e foram assistir um filme. Sua filhinha havia deixado a boneca de lado, e fora brincar com o celular. Seu filho estava no quarto jogando videogame. Ah! Tinha esquecido: havia também o cachorrinho que já fazia parte da família, e neste momento pulava alegremente pedindo colo.

A Mulher no restaurante também saíra quase ao mesmo tempo que a primeira. Após o manobrista trazer seu carro, se despediu dos amigos, sempre com um sorriso no rosto. Entrou no carro, olhou no retrovisor interno; já não havia aquele sorriso de instantes atrás, mas sim um rosto obstinado, de alguém que sabe o que quer. Rumou para casa. Só que no caminho para casa havia um viaduto. Parou o carro, e se jogou, colocando assim, um ponto final à própria existência.

Muitas vezes a aparência engana. Às vezes uma pessoa que se mostra alegre, feliz e sempre sorridente, tem pensamentos de morte, e ninguém sabe disso.Tem pensamentos suicidas.

“E o que dizer dos estudos que mostram que o suicídio funciona como um estímulo a outros, principalmente numa sociedade que gera desesperança para o homem? E que considera a autodestruição como solução para o desespero humano?

O especialista do Centro de Pesquisa em Crises Mentais de Pequim, Li Xianjun, chama a atenção para o fato de que, além dos suicidas existem também milhões de pessoas que todos os anos tentam sem sucesso matar-se. O especialista alerta os governantes com esta informação: um suicida contamina psicologicamente outras cinco pessoas.”

“O esgotamento humano gerado por um grau excessivo de estresse negativo tem lançado pessoas num vale social sombrio e perigoso; provocando um risco elevado de favorecimento ao suicídio. A dor e o desespero emocional podem chegar a um nível que ultrapassam os limites emocionais e mentais suportáveis aos seres humanos. Essa dolorosa situação leva-os a um mal-estar e angústia que, no desejo e na ânsia de saírem dessa dor desesperadora, buscam a morte física com a ideia comum de que esta alivia o sofrimento”(trechos extraídos do excelente livro Suicídio, de Hernandes Dias Lopes; páginas 13, 17 e 18; Editora Hagnos).

Uma vez fui fazer uma matéria numa produtora de vinho; suco de uva. A assessora de imprensa, uma loira muito bonita de olhos verdes, de seus vinte e poucos anos, alegre, sorria o tempo todo. Muito simpática. Levávamos a todos os lugares que queríamos gravar, ou onde ela achava que gostaríamos de gravar. Sempre solícita.

Quando paramos para almoçar, ela desabafou: toda aquela energia, o entusiasmo, e o não parar de falar, era na verdade para não ter tempo de pensar na própria vida, e cair em prantos.

Estava noiva. Na semana do casamento seu noivo sofreu um acidente, que o deixou numa cadeira de rodas. Casaram, mas ela não era feliz. Ele tornara-se agressivo, como descontando a revolta nela, como se ela fosse culpada pela situação. E ela sofria muito pois teve que cancelar buffet e tudo mais. E seu sonho era entrar na igreja vestida de noiva e tudo que tinha direito. Todos os dias após o trabalho, pegava o carro, e ia dirigindo, e chorando do interior até a rua Vergueiro. Ninguém jamais imaginaria o que se passava dentro dela. Quem via seus olhos, não sabia o que aqueles olhos já tinham visto. As aparências podem enganar. Foi mais ou menos o que aconteceu com Kevin Carter, fotógrafo. Tirou uma foto de um garotinho castigado pela fome que estaria à beira da morte, e um abutre só esperando que tal acontecesse para devorá-lo.

O garotinho sobreviveu, e foi até seus vinte e seis anos de idade. Kevin Carter cometeu suicídio um ano depois, aproximadamente(ver em www.quersaber.blog.br/de kevin carter à nos outros).

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