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Histórias que o povo (não) conta

Histórias que o povo conta. Histórias que o povo não conta.

Uma vez, alguém que fazia viagens constantes a Israel, perguntou para o guia turístico como era esse negócio de guerra, pois parecia que os israelitas tinham a guerra em seu sangue, e o homem teria respondido que não era bem assim. “O seu país (Brasil) é um país continental. Israel não. Aqui em Israel, qualquer um que passe pela nossa fronteira, vai chegar até minha mãe, minha irmã, minha filha…Então quando isso acontece, a gente vai pra cima mesmo.” Achei interessante esse ponto de vista, mas também fiquei curioso para saber o que era “país continental”, pois até o momento não sabia. Fui pesquisar. País continental é um país com mais de sete milhões de quilômetros quadrados. Na verdade, ficou estabelecido que todo país com tamanho igual ou superior à Austrália, seria considerado um país continental. A Austrália tem mais de sete milhões e seiscentos mil quilômetros quadrados.

Certa vez, ouvi uma história a respeito de Vinicius de Moraes. Ainda “jovem”, ficou algum tempo nos Estados Unidos. Regressando para o Brasil, recebeu um telefonema de alguém que queria fazer um documentário “O Brasil Que Ninguém Conhece”, e perguntaram se ele poderia ser o guia, o anfitrião. Ele de pronto respondeu que sim. Provavelmente estávamos na década de quarenta. Quando a pessoa chegou ao Brasil, Vinicius já foi logo dizendo:” Vou te levar pra conhecer o Arpoador, o Cristo Redentor…” Mas a pessoa respondeu:”Não. A gente quer conhecer, mostrar, o Brasil que ninguém conhece. Eu quero ir para o interior do Amazonas.” “Mas eu não conheço o Amazonas,nunca fui lá. Mas nós vamos assim mesmo. Não posso ser seu guia, mas posso ser seu tradutor.” Chegando lá, Vinicius viu coisas que ele nunca vira antes. Acostumado ao luxo, vida boêmia, etc, ele se deparou com pessoas morando em buracos cobertos de palhoças, pessoas morando em condições que ele nunca vira antes, nem imaginava que pudesse existir. Ele teria chorado muito. E foi aí que ele começou a beber desenfreadamente.

Outra história é de Ruy Barbosa, o/a “Águia de Haia”. Conta-se que uma certa vez, representando o Brasil, ouvia-se comentários a respeito de sua aparência. Acho que isso aconteceu na África do Sul. Imagina: ele negro, baixa estatura(menos que 1,60 m), calvo, bigode branco, óculos. Além da baixa estatura, tinha uma ligeira curva na coluna, e “mal vestido”. Os comentários: “será que o Brasil não tinha ninguém melhor para representá-lo?” “Mandaram esse farrapo de gente.” “Esse farrapo de homem.” Porém, quando ele foi discursar, foi o único que cumprimentou a todos em todos os dialetos. Foi aplaudido de pé.

Há muitos anos, as pessoas indo para a igreja, para a missa, depois de andarem muito nas ruas de terra, de barro, ao chegarem à igreja, havia em frente a mesma, fincada no chão, uma barra de ferro, para que as pessoas rapassem o excesso de barro de seus calçados, botinas. Os mais abastados não precisavam fazer isso, pois iam à igreja a cavalo. Então os que rapavam os pés eram os menos favorecidos. Daí então viria a expressão “pé rapado”, “Fulano é um pé rapado”, ou seja, pobre.

As pessoas falam do período da escravidão, ou escravatura, quando pessoas eram compradas e vendidas como mercadorias. Mas poucos falam que muitos escravos quando conseguiam a alforria (liberdade), também iam lá, e compravam escravos.

Segundo estudos, a maioria das pessoas mortas em chacinas, ou confronto com a polícia, é de homens negros. Mas os mesmos estudos não dizem que a maioria de policiais mortos, também é de negro.

Histórias que as pessoas contam.

Histórias que as pessoas não contam.

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